A dor vem na fila do pão
Depois do nascer do sol
Quando te pega ainda de surpresa
Te preenche, te agarra, te judia
Você respira, engole o choro e pede o pão
Tenta se esconder dela passando por ruelas
Pega caminhos bonitos sugeridos num livro de auto-ajuda
Respira fundo, tenta imaginar uma taça de sorvete sem duas colheres
Até que da respiração, um soluço
Arrastando-se pelo chão
Espera alcançar o maior desafio da manhã: chegar em casa
Sem antes deitar-se em posição fetal no meio do parque
Entra em casa (cadê ela?)
Olha pro café e por mais que o pão esteja ali
O pão com café também já não faz sentido algum
A dor senta e se apresenta para o segundo ato, sai da coxia
Tristeza posta, a dor sangra por cada poro
Não adianta gritar
O grito não consegue chegar onde não há forças nem mais para sofrer
Almeja então o momento antes da alvorada
No qual seu sonho ainda media 1,87 m
Volta pra cama deles
E espera, pelo tempo que for, o dia em que o nós deixe de ser pronome
E volte a fazer parte
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